quarta-feira, 25 de março de 2015

Porque cremos na Trindade?

Associação Paulista Sul da IASD
26/02/2014 - Atualizado em 26/02/2014 - 12:08

Teólogo explica doutrina e posicionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia 

Pr. Paulo Cilas


Nós, Adventistas do Sétimo Dia, cremos na Doutrina da Trindade porque ela tem base bíblica, está presente nos escritos de Ellen G. White e nos escritos de alguns eruditos adventistas e de outras denominações. Cremos que não basta apenas conhecer os atributos de Deus sem entender corretamente quem é Deus. Por meio das Escrituras é possível provar, sem interpretações tendenciosas e leituras descontextualizadas do Texto Sagrado, que Deus existe como três pessoas, porém, sendo um só Deus. Os estudos sobre a doutrina da Trindade com relação aos atributos de Deus podem induzir pessoas a pensarem que a onisciência, onipresença, onipotência e eternidade sejam características apenas do Deus Pai. Contudo, o ensinamento bíblico sobre a Trindade nos diz que todos os atributos de Deus valem para as três pessoas, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem plena divindade, e constituem-se em “um só Deus”.

No estudo do tema da Trindade temos como base apenas o que nos é revelado na Sua Palavra: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos para sempre...” Deut. 29:29. É importante lembrarmos que a Igreja Adventista do Sétimo Dia, desde os seus primórdios, tem sido questionada não só quanto à doutrina da Trindade como também em outras doutrinas. Contudo, pelo poder de Deus, tem subsistido a todos os ataques de Satanás, cumprindo as palavras de Jesus: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mateus 16:18.

Ao longo de todos estes anos, a Igreja tem sido como uma velha bigorna que tem quebrado muitos martelos e um destes tem sido o combate à doutrina bíblica da Trindade. Podemos defini-la da seguinte maneira: Deus existe eternamente como três pessoas -  Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é plenamente Deus, e existe só um Deus. Comentando sobre esta verdade Ellen G. White afirma que: “Há três pessoas vivas pertencentes à Trindade celeste. Em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados... e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.”1                                    


De acordo com o teólogo Augustus Strong, “esta tripersonalidade da divindade é exclusivamente uma verdade da Revelação. É claramente, mas não formalmente, conhecida no Novo Testamento, e alusões a ela também podem ser encontradas no Velho Testamento".2 Segundo o mesmo autor, “a doutrina da Trindade pode ser expressa nas seguintes declarações:


1) Nas Escrituras há três pessoas que são reconhecidas como Deus.

2) As Escrituras as descrevem como pessoas distintas.

3) Esta tripersonalidade não é meramente econômica e temporal, mas é imanente e eterna.

4) Esta tripersonalidade não é triteísmo; conquanto sejam três pessoas, constituem-se em um só Deus.

5) As três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo são iguais.

6) Embora misteriosa, esta doutrina não é contraditória, pois ela fornece a chave para todas as outras doutrinas”.3


A palavra Trindade não é encontrada nas Escrituras, assim como a palavra Milênio e Lúcifer, mas o seu conceito está presente na Bíblia. Trindade significa “tri-unidade” ou “três em unidade”. É usada para resumir o ensinamento bíblico de que Deus é três pessoas, porém um só Deus. O uso da palavra Trindade é atribuído a Tertuliano (155-220 d.C.), bispo de Cartago. Segundo Wayne Gruden, “às vezes se pensa que a doutrina da Trindade se encontra somente no Novo Testamento e não no Antigo. Contudo, se Deus existe eternamente como três pessoas, seria surpreendente não encontrar indicações disto no Antigo Testamento. Embora essa doutrina não se ache explicitamente no Antigo Testamento, várias passagens demonstram ou até implicam que Deus existe como mais de uma pessoa”4 A seguir algumas passagens claras do Antigo Testamento que sustentam  esta doutrina.


Em Gênesis 1:26, Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. As expressões “façamos” e “nossa” estão na primeira pessoa do plural. Alguns afirmam tratar-se de plurais majestáticos, forma que um rei usaria para dizer, por exemplo: “Temos o prazer de atender-lhe o pedido”. Contudo, no Antigo Testamento hebraico, não se encontram outros exemplos em que um monarca use verbos ou pronomes no plural para referir-se a si mesmo nessa forma de “plural majestático”. Portanto, esta alegação não tem evidências que a sustentem. Outra sugestão é que Deus esteja aqui falando com anjos. Porém, os anjos não participaram na criação dos homens, nem foi o homem criado à imagem e semelhança deles.          

Na próxima edição continuaremos estudando a doutrina da Trindade. E que o Senhor nos ilumine a compreendermos este assunto tão importante.


REFERÊNCIAS


1Ellen G.White, Special Testimonies, Série B, Nº 7, págs. 62 e 63                                    

2Augustus Hopkins Srong, Systematic Theology - Complete, 27a ed. (Old Tappan, New Jersey: Fleming H. Revell Company, 1970), pág. 304.

3Ibidem.

4Wayne Gruden, Teologia Sistemática, 1a ed. (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1999), pág.166.


Retirado do site: http://www.paulistasul.org.br/portal/?tipo=print&id=5291

Nenhum comentário:

Postar um comentário