segunda-feira, 23 de março de 2015

Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos?

Retirado do site: http://circle.adventist.org/files/unaspress/parousia2006016116.pdf

Rodrigo P. Silva, Th.D.
Professor de Novo Testamento e Filosofia no Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP.

Resumo: O presente artigo inicia mostrando um panorama das diversas formas de antitrinitarianismo histórico, com o intuito de demonstrar que essa pluralidade atualmente se reflete no pensamento dos dissidentes do adventismo, opositores da doutrina da Trindade. Comparando textos veiculados por esses grupos, o autor aponta grande número de contradições e divergências, desfazendo a falsa impressão de unidade interpretativa que eles têm procurado transmitir. Expõe, ainda, a fragilidade de sua argumentação teológica, pontilhada de equívocos e falta de clareza.

Abstract: This article starts with a broad spectrum of the different forms of historical anti-trinitarianism, aiming to demonstrate that such a plurality is reflected on the thought of today’s dissidents of Adventism, opponents of the doctrine of the Trinity. Comparing texts written by these groups, the author indicates an incredible number of contradictions and divergences, destroying the false impression of interpretative unity that they try to convey. Yet, the article exposes the vulnerability of their theological argumentation, marked by ambiguities and lack of clarity.

Introdução

Os atuais debates sobre a Trindade produzem a errônea impressão de que existem apenas dois grupos ideologicamente rivais: os trinitarianos e os antitrinitarianos. Também dão a entender que assim era no tempo dos pioneiros. Mas não é esse o quadro que a história nos apresenta.

A doutrina da Trindade passou por várias abordagens, e o que muitas vezes é rebatido erroneamente como “entendimento adventista da Trindade” é, na verdade, um “entendimento católico” que não corresponde à compreensão adventista do assunto. Fernando Canale1 e Jerry Moon2 sistematizaram as diferenças históricas entre o ensinamento adventista da divindade e outras concepções oriundas, principalmente, da filosofia grega. Não obstante, enquanto crença fundamental, o trinitarianismo pode ser considerado uno dentro da posição contemporânea e oficial dos adventistas que preferiram “se limitar às declarações dogmáticas e teológicas, mantendo-se distantes de um desenvolvimento sistemático da doutrina de Deus e da Trindade”3 . O mesmo já não se pode dizer do antitrinitarianismo histórico, queainda abriga vários grupos divergentes em seu meio. A única coisa que se mantém uniforme em todos os discursos passados (com exceção de alguns subordinacionistas) é a negação do Espírito Santo como ser independente e pessoal.

O objetivo deste artigo é o de oferecer um breve resumo dos principais segmentos antitrinitarianos do passado e verificar se a mesma falta de unidade teológica pode ser vista nos dissidentes do adventismo hoje. Para isso será apresentada uma lista dos segmentos históricos, seguida de uma série de citações retiradas de livros e sites antitrinitarianos. As mesmas serão comentadas e disponibilizadas por blocos para que se verifique com clareza as divergências de opinião entre os dissidentes.

Definição de termos

Arianismo: sustenta a visão de Ário, bispo de Alexandria (312?-328 d.C.), segundo a qual o Filho não era co-eterno com o Pai, mas teve um começo no tempo. Ele foi o primeiro ser criado e se tornou um “deus menor”, um ser de natureza intermediária entre Deus-Pai e a humanidade, tanto na criação, quanto na redenção.

Binitarianismo: ensina que só há um Deus, existente em duas pessoas divinas. Uma, o Pai, existe por todo o sempre. A segunda, o Filho, foi gerado, mas não criado, nalgum momento da eternidade. O Espírito Santo é a “força ativa e impessoal” que une o Pai e o Filho numa mesma co-existência divina. Embora o Filho tenha “surgido” no tempo, foi elevado pelo Pai à sua própria categoria, podendo, portanto, ser adorado pelas criaturas. Mas, durante sua encarnação na Terra, Ele se fez novamente inferior ao Pai, condição que, para alguns se limitou apenas ao seu ministério terrestre, e que, para outros, perdura por toda a eternidade. Numa visão mais ou menos uniforme, os binitarianos crêem que, após ter sido gerado, o Filho torna-se um com o Pai, formando, assim, “um só Deus” (e não dois deuses). Deste modo, os binitarianos não entendem como contraditória sua adoração ao Pai e ao Filho em face ao monoteísmo. Afinal, são duas pessoas unidas numa mesma divindade, formando um único Deus. Os que hoje raciocinam próximos a esse conceito não aceitam usar a mesma lógica quando se fala de “três” pessoas unidas numa mesma divindade. Quanto a esta última, rejeitam-na por considerá-la um absurdo do ponto de vista da razão humana. Usam literalmente, “dois pesos, duas medidas”.

Subordinacionismo: embora admitam um plural de duas pessoas na divindade (como o binitarianismo), os subordinacionistas enfatizam com maior rigor o caráter essencialmente subordinado do Filho em relação ao Pai. Cristo foi e continuará para sempre inferior e sujeito ao Pai e, portanto, nunca pôde ter obtido qualquer “igualdade” com Ele, conforme ensinam os binitarianos. Sua natureza, embora de certo modo “divina”, não é a mesma de Deus Pai. Quanto ao Espírito Santo, alguns da linha subordinacionista seguem a tendência geral dos outros grupos, que é a de negar sua existência como pessoa. Uns poucos, no entanto, o entendem como um ser pessoal (talvez um anjo) submisso ao Filho.

Origenismo: Orígenes (185?-254?) inventou um conceito que pode ser entendido como um desdobramento do subordinacionismo. Para ele, o Logos, na qualidade de Filho, procede do Pai não por meio de divisão ou criação, mas por meio de uma geração eterna. O Filho é eternamente gerado pela vontade do Pai, o que exclui da geração de Cristo a idéia de começo, antes, subentende-se uma idéia de relacionamento eterno. Deus é amor, e, como tal, deve ter um objeto eterno desse amor, que é o Filho, ou, do contrário, poder-se-ia concluir que houve um tempo em que Deus não amava ou não era Pai. Logo, a paternidade seria – em linguagem metafísica – um acidente na essência de Deus e não atributo inerente à sua pessoa. O Filho, para Orígenes, tem a mesma natureza do Pai, mas o fato de ser eternamente “gerado” o coloca numa posição eternamente subordinada.

Sabelianismo ou Monarquianismo Modalista: O escritor Sabélio (c. 215 d.C.) formulou outra maneira de entender a Deus que também negava a doutrina da Trindade. Para ele, o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram diferentes manifestações de um único Deus. Logo, a divindade era constituída de apenas uma pessoa (não duas ou três), que em momentos diferentes usou distintas maneiras de se apresentar: nalgumas vezes como Pai, noutras como Filho e, finalmente, como Espírito.

Socionismo: Fausto Socinus (1539- 1604 d.C.) foi um racionalista que rejeitou a doutrina da Trindade por achar que ela fugia ao “senso comum”. Suas idéias foram precursoras do unitarianismo.

Unitarianismo: esse termo, cunhado originalmente como uma contradição ao trinitarianismo, sustenta que só há uma pessoa que por natureza pode ser definida como Deus: o Pai. Superenfatizando a compreensão única do monoteísmo cristão, os unitarianos negam qualquer tipo de divindade, adquirida ou derivada, para a pessoa de Cristo. Ele foi apenas um homem comum, com uma natureza humana comum, que permaneceu fiel a Deus e cumpriu sua missão, mesmo estando na condição pecaminosa de qualquer filho de Adão. Foi provavelmente aqui que surgiram as primeiras sementes do perfeccionismo com sua ênfase na natureza caída de Cristo. Os unitarianos também rejeitam a doutrina do nascimento virginal, a preexistência do Filho e o caráter expiatório de Sua morte na Cruz. Que Jesus foi morto, é um fato, mas não por nossos pecados, e sim pela maldade humana que fez dEle um mártir do amor. Nossa salvação, portanto, não está relacionada ao seu sangue derramado, mas à atitude que tomamos diante das leis de Deus. A vida de Jesus nos ajuda enquanto modelo de perfeição e não como sacrifício expiatório.

Monofisismo: O Concílio de Calcedônia, realizado em 451 d.C., sistematizou a crença nas duas naturezas de Cristo (uma divina e outra humana). Como reação a esse conceito, os monofisistas ensinavam que Jesus só tinha uma natureza: a divina; ou então, uma única natureza composta, sem qualquer distinção entre o divino e o humano. Ao contrário dos unitarianos, que viam em Cristo apenas um ser humano especial, para os monofisistas não havia natureza humana em Cristo, a sua natureza divina absorveu qualquer traço de humanidade que poderia haver nele, tornando o homem Jesus plenamente divino. Sua pessoa, portanto, nunca foi uma união entre humanidade e divindade, mas a absorção da primeira pela segunda.

Por essa definição de termos, compreendemos que, quando alguém se proclama descrente da Trindade, deve ter claro em sua mente que tipo de antitrinitarianismo está abraçando, pois não existe apenas um. Os próprios dissidentes do adventismo às vezes esbarram em contradições entre si, que revelam seu desconhecimento acerca da pluralidade de posições antitrinitarianas.

Contradições contemporâneas

Seguem-se aqui algumas breves contradições vistas entre os dissidentes do adventismo, postas com o fim de ilustrar o que acima foi dito. A maioria das citações provém da Internet e é de se esperar que se alegue serem trechos fora de contexto. Contudo, as referências estarão costumeiramente nas notas para que se verifique que mesmo vistas no contexto original, as falas permanecem contraditórias.

É também possível que os mesmos se defendam afirmando que esse foi o seu entendimento no passado e que hoje não o defendem mais. Mas se é assim, por que não relataram a mudança de conceito admitindo que cometeram um erro?

A análise dos vários materiais disponíveis nos sites ou nos livros publicados sobre o assunto jamais revelou qualquer admissão de equívoco interpretativo ou mudança de opinião por parte dos autores que alimentam as páginas da discussão4. Igualmente não se encontrou em nenhum momento uma discordância pública entre eles, o que traz a errônea impressão de que são unidos em seus conceitos. A relação de textos que apresentaremos a seguir, mostrará a desarmonia interpretativa desses grupos:

Cristo teve um começo?

“Afirmar que Jesus não teve um começo, é negar que seja o Filho de Deus. Se é ‘eterno’ não pode ser filho e nunca morreria. Se está em pé de igualdade com Deus Pai, não pode ser Advogado (mediador) entre Deus e o homem.” Ennis Meier5

“Um dos atributos do Pai e do Filho de Deus é a Eternidade. A eternidade de Deus e de Cristo é diferente da eternidade dos anjos. Os anjos estão sujeitos à sucessão do tempo, mas Cristo foi o Criador de todas as coisas, inclusive do tempo. Isaías afirma que Cristo é o ‘Pai da Eternidade’... A questão do tempo da geração de Cristo é tão absurdo [sic] quanto uma possível questão do local da geração de Cristo, sendo ele gerado com o atributo da onipresença. Deus e Cristo são eternos e onipresentes.” Ricardo Nicotra6

“Cristo um dia foi parte integrante do Pai; e por isso podemos admitir que ele não é mais novo que Deus o Pai, porque mesmo antes de existir como ser independente do Pai, ele já existia, como parte do Pai, antes de ter sido gerado por Ele. Assim, como o Pai é eterno, Jesus teve sua origem na eternidade.” Jairo Carvalho7



Nesses comentários vemos a tendência origenista de Nicotra contra o arianismo de Meier, que põe as origens de Cristo no tempo, negando assim sua eternidade. Nicotra, por sua vez, respondendo à pergunta “houve um tempo em que Cristo não tenha existido?”, simplesmente afirma que tal questão “não faz qualquer sentido, pois trata-se de uma tentativa de enquadrar a geração do Filho de Deus, o Criador de todas as coisas (inclusive o tempo), em uma linha cronológica, o que não é possível.”8Jairo Carvalho, reafirmando um parecer mais binitariano limita-se a dizer que Jesus teve uma origem “antes mesmo de criar o princípio do pó do mundo”9. Mas não silencia quanto a dizer se esse “quando” estaria dentro do tempo ou fora dele. Num outro texto ele apenas declara que “Cristo teve origem, mas que esta foi nos dias da eternidade”. É notória a tendência mais “filosófica” e menos bíblica que os autores têm de separar “tempo” e “eternidade”.


Cristo é incondicionalmente imortal?
                   
“Ao tornarem Jesus um Deus co-igual ao Pai, os trinitarianos não podem negar a sua imortalidade, assim, afirmam que Jesus não morreu de fato, pois sendo igual ao Pai, não poderia morrer visto que Deus é imortal . ... Quem está mentindo? A Bíblia afirma que Deus é imortal (Ver 1Tm 6:16).

A palavra imortalidade em si mesma já encerra uma verdade absoluta. Deus não pode morrer, caso contrário não seria imortal. Ao tornarem Jesus um Deus coigual ao Pai, os trinitarianos não podem negar a sua imortalidade, assim, afirmam que Jesus não morreu de fato, pois sendo igual ao Pai, não poderia morrer visto que Deus é imortal. Então alegam que apenas seu corpo morreu, porém a sua Divindade não. Esta explicação aproxima-se em muito dos ensinamentos do espiritismo, o qual afirma que ‘o Homem não morre. Ele possui um espírito imortal. Apenas seu corpo é que morre.’ Afinal Jesus morreu ou não? Quem está mentindo, Cristo e os apóstolos ou os trinitarianos?” Milton Figueiredo10

“Afirmar que Jesus não teve um começo, é negar que seja o Filho de Deus. Se é ‘eterno’ não pode ser filho e nunca morreria. Se está em pé de igualdade com Deus Pai, não pode ser advogado (mediador) entre Deus e o homem.” Ennis Meier1

“A diferença maior entre Cristo e o homem, é que enquanto Deus soprou no homem o fÔlego [sic] da vida, ‘emprestando’ a sua vida ao homem, e dando-lhe a possibilidade da imortalidade (não inerente) mas, sim, dependente (pelo acesso à árvore da vida) em relação a Seu Filho, o Verbo, ao vir à existência, gerado ou procedente do próprio Pai, a vida do Pai veio Nele, e esta vida não foi emprestada, não lhe foi dada de forma dependente, e sim, era inerente ao próprio ser, ora gerado.” Rogério Buzzi11


“[O Pai e o Filho são] seres que possuem exclusivamente os atributos da imortalidade, onipotência, onipresença e onisciência....” Elpídio da Cruz Silva12



“O Pai concedeu a Cristo ... a prerrogativa de ter vida em si mesmo.” Jairo Carvalho14


“Se Cristo é o Deus eterno, como afirma o Manual da Igreja (pág.10), não poderia morrer. Então por que a Bíblia afirma taxativamente que Cristo morreu, e que Deus o Pai o ressuscitou?” Adilson de Souza15



Aqui vê-se a falta de clareza dos autores quanto ao ensino trinitariano defendido pela Igreja Adventista. Nunca foi objetivo da teologia adventista “explicar” o mistério da morte de Jesus ou como suas naturezas relacionavam-se entre si. Basta aceitar o “assombro da incompreensão” ou afirmar simplesmente – sem a pretensão de elucidar – que “a humanidade de Cristo achava-se tão vinculada à sua plena divindade que, ao Ele morrer, podemos verdadeiramente dizer que toda a Divindade ‘estava em Cristo’ e sofreu a sua morte expiatória”16 . Nas palavras de Ellen G. White: “o homem não pode definir esse maravilhoso mistério – a mistura das duas naturezas ... [esse mistério] jamais poderia ser explicado.”17

Percebe-se ainda a dificuldade dos autores em esclarecer a imortalidade (natural ou adquirida de Cristo). Enquanto uns entendem que ele seria um candidato à imortalidade semelhante a Adão, outros como Rogério Buzzi, Jairo Carvalho e Elpídio da Cruz defendem uma imortalidade incondicional para Cristo, o que os aproxima mais do origenismo (salvo no aspecto em que defendem um “começo” para a existência de Cristo).


Cristo é um Deus inferior ao Pai?

“A Palavra de Deus diz que Jesus é o Filho Unigênito; Cristo foi gerado por Deus ... Eva foi gerada de Adão, por esta razão tem a mesma natureza humana de Adão. Não é correto dizer que Eva, por ter sido gerada de Adão é um homem (ser humano) inferior ou um semi-humano. Eva é tão humana quanto Adão. Semelhantemente, Jesus Cristo, por ter sido gerado de Deus, é tão divino quanto o Pai. ... Por isso Jesus não pode ser considerado um semi-Deus ou um Deus com qualidade inferior.” Ricardo Nicotra18


“Se Cristo é o próprio Deus eterno, por que o livro de Atos afirma que Cristo, além de ter sido ressuscitado por Deus, foi elevado a Príncipe e Salvador? Como Cristo poderia ser elevado a Príncipe se já era o próprio Deus?” Adilson de Souza 19


“Jesus é o Filho de Deus e isso significa ter tido um começo. … Jesus nunca pretendeu ser igual a Deus. E Jesus mesmo disse que o Pai é maior do que ele, e que todo o seu poder provém do Pai. … Negamos, SIM, que haja alguém no universo igual a Deus.” Ennis Meier20


“O Pai ordenou que o Filho devesse ser considerado igual a Ele. Estando em plena conformidade com a vontade de Seu Pai, por meio dos testemunhos que inspirou sua serva a escrever acerca de um século, Jesus reafirma Sua Palavras [sic] de que Ele (Cristo) era igual àquele (o Pai) antes mesmo da encarnação.” Jairo Carvalho21


Vemos aqui três abordagens conflitantes sobre o status divino de Jesus. Nicotra diz que a equiparação entre Cristo e o Pai se dá naturalmente, assim como Eva é naturalmente tão humana quanto Adão. Jairo Carvalho, por sua vez, embora defenda a igualdade entre ambos (Pai e Filho), sugere que isso se deve a uma “ordem” do Pai. Logo, Jesus não seria igual a Deus por natureza, mas por decreto. O que gera uma contradição no próprio pensamento do autor, que também sugere que Cristo era “um com o Eterno Pai, em natureza”.22

Meier e Souza atacam qualquer tentativa de equiparação divina entre Cristo e o Pai o que os faz muito mais próximos do subordinacionismo que seus colegas.

Tentando esclarecer a questão, o editor do site www.adventistas.com, Robson Ramos, traduziu o artigo de um certo Lynnford Beachy, segundo o qual a divindade de Cristo não é a mesma do Pai.23 O autor argumenta que a palavra “Deus” tem vários significados diferentes. Ela pode se referir a homens (Êx 7:1, Sl 82:6; Jo 10:34) ou anjos (Sl 8:5).

Assim, estabelece-se, na visão do articulista, três significados para “Deus”: um limitado (aplicável a qualquer ser do universo), um específico (aplicado somente a Cristo) e outro ilimitado (aplicável somente a Deus Pai).

Embora seja verdade que a Bíblia em raras vezes aplica o termo hebraico Elohim (Deus) a anjos e líderes humanos (como é o caso de Moisés e dos juízes), em momento algum separa uma aplicação específica para Cristo em distinção daquela própria a Deus Pai. A única diferença entre as aplicações do termo Elohim a Deus e às criaturas é que, no caso do primeiro, o adjetivo assenta-lhe por natureza e nos últimos por função. Moisés deveria ser o representante de Deus diante de Faraó e os juízes perante o povo de Israel. Os anjos, por sua vez, são seus representantes perante o Universo.

Se existe uma terceira aplicação do termo própria apenas a Cristo, ela ainda está por ser descoberta. Pois se dissermos que o Filho é Deus por função, igualamo-lo às criaturas que também podem exercer esse papel; se entendermos que é por natureza, igualamo-lo ao Pai. Assim, tal explicação cria mais problemas que soluções para a proposta antitrinitariana.

O próprio Elpídio da Cruz Silva, ex-ancião e firme defensor do antitrinitarianismo, apresenta uma ideia contrária a tal explicação ao ensinar que “quando a palavra Deus é aplicada à pessoa do Pai e à pessoa do Filho, ela diz que existem apenas duas pessoas desta espécie”24 . Igualmente o site dos chamados “Adventistas Bereanos” esclarece aos leitores que “a palavra Deus, é utilizada na bíblia [sic] de duas formas legais, uma é a forma restrita da palavra, quando esta se refere ao único e verdadeiro Deus, a outra, é a forma abrangente da palavra, o que inclui tudo quanto o homem considera como divino, ou que represente uma forma de divindade”25. O mesmo site prossegue afirmando que o primeiro uso da palavra (chamado “sentido restrito”) refere-se só ao Pai. Já o segundo (chamado de “sentido amplo”) é aquele que se refere a todas as criaturas que o Pai decidir tornar um “Deus”, como Moisés e os juízes. Não abre margem para um “terceiro” sentido especial aplicado a Cristo, pelo que conclui que Sua divindade, ainda que hierarquicamente superior, não seria de natureza diferente daquela aplicada às demais criaturas que receberam esse título (inclusive o Diabo). Cristo só seria mais divino que os anjos por sua função e não por sua natureza. Eis mais alguns trechos do texto:

Observe que nestes versos Jesus afirma que Deus chama de deuses aqueles a quem Ele revelara a sua palavra. Quem são estes? Jesus refere-se neste caso ao Salmo 82:1-7; Leia este salmo e observe que Ele está falando dos próprios líderes do povo, em verdade, eram o [sic] próprios sacerdotes, aqueles que deveriam ensinar o povo a amar e temer somente ao Deus único e verdadeiro. Foram estes que acusavam a Jesus de blasfêmia, não porque se colocava na condição de Deus, mas porque dizia ser o Filho de Deus, sim, foram estes que Deus chamou de deuses.
Quem é o deus deste século que cega o entendimento das pessoas para que não recebam o evangelho da glória de Cristo? Não é ele, o próprio Satanás? Sim. É evidente que é.
Então como ele (Satanás) também é chamado de deus pelo apóstolo Paulo? (lembrando que a palavra aqui neste texto é a mesma utilizada em João 1:1-3, referindo-se a Deus o Pai e ao Filho de Deus, ou seja yeov [sic] = theos)
Concluímos portanto, que a palavra yeov [sic] = theos, Deus, tem um amplo significado, porém, em sentido restrito, só se aplica ao Altíssimo Deus, Pai de nosso Senhor e Salvador Yeshua (Jesus).26


Pelo visto, esses autores não compartilham a idéia de Ramos e Beachy de que a palavra “Deus” tem um significado limitado para as criaturas, específico para Cristo e ilimitado para Deus. Jairo Carvalho, outro paladino da mesma causa, também escreveu: “há um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando.”27 Ora, se o poder de Cristo é ilimitado, nem o Pai pode ser-lhe um limite e seu título de divindade não seria em nada “específico” conforme a explicação do site.


Jesus é ou tornou-se (temporariamente) inferior ao Pai?

“Se Jesus era e é igual ao Pai hoje, como Ele mesmo afirma, porque então, quando esteve na Terra, Ele afirmou: ‘o Pai é maior que Eu’” (Jo 14:28)?

Jesus mesmo nos responde. Inspirando o apóstolo Paulo a escrever sobre Ele mesmo, nos aclara: [o autor cita Fp 2:6-8 e Hb 2:8-11]. Jesus mesmo diz que Ele, ‘por um pouco’ de tempo, o tempo de sua encarnação e ministério na Terra, foi feito menor que os anjos. Sendo menor que os anjos quando subsistindo em sua forma humana, era, enquanto humano, menor que Deus, e Seu testemunho era verdadeiro ao dizer, quando subsistindo em forma humana: ‘o Pai é maior que Eu’.

2 - Após a encarnação
Jesus inspirou o apóstolo Paulo a dar expressão da verdade concernente a Sua natureza após a encarnação na Terra.

... Portanto, Cristo era, antes de Sua encarnação e é hoje, Deus, igual o Pai. Consideramo-lo assim para a honra e glória do Pai, para que Sua vontade seja feita na Terra por meio de Seus servos como já o é no Céu. Jesus mesmo diz que Ele, ‘por um pouco’ de tempo, o tempo de sua encarnação e ministério na Terra, foi feito menor que os anjos. Sendo menor que os anjos quando subsistindo em sua forma humana, era, enquanto humano, menor que Deus, e Seu testemunho era verdadeiro ao dizer, quando subsistindo em forma humana: ‘o Pai é maior que Eu’”. Jairo Carvalho28


“Segundo a teologia trinitariana, Jesus só esteve numa condição menor do que o Pai, enquanto ‘limitado’ dentro de Sua humanidade. Condição que poderia ser abandonada a qualquer momento caso Ele desejasse, pois bastaria sair daquele corpo que usava provisoriamente, para encenar teatralmente sua própria morte.

... Por que então disse Jesus que Deus, o Pai, é maior do que Ele, se de fato Deus não era? Qual seria a necessidade destas palavras, se o próprio Jesus fosse suficiente em Si mesmo e independente do
Pai para todas as coisas?

Um dos muitos pontos que os trinitarianos não conseguem explicar, é a informação bíblica, dada pelo apóstolo Paulo, de que Jesus será eternamente submisso ao Pai (ver 1Co 15:28). Quem está mentindo, Jesus e Paulo ou os trinitarianos?” Milton Figueiredo29


“Se o Pai, o Filho e o Espírito Santo são membros de uma Trindade estando conseqüentemente no mesmo nível hierárquico, por que Cristo disse que o Pai era maior do que Ele?” Adilson de Souza30

“A condicional ‘Se Jesus era menor1 [sic] é inaceitável entre cristãos que afirmam crer na Bíblia e ter apenas as Escrituras como regra de fé e prática. A inferioridade do Filho em relação ao Pai foi afirmada pelo próprio Jesus Cristo, que disse claramente: ‘O Pai é maior do que eu.’ Não é uma invenção antitrinitarista. Propor como o [sic] hipótese ‘Se Jesus era menor’ é colocar em dúvida as palavras do Filho de Deus. Quanto à verdade bíblica de que o Filho de Deus não sofreu mudança em seu ser, mesmo com a encarnação, não vemos problema algum em acreditar que Jesus era menor que o Pai ontem, hoje e para sempre. Assim não houve mudança alguma em Sua condição de inferioriadade hierárquica ou submissão ao Pai. Pois a posição hierárquica que alguém ocupa não altera o ser desta pessoa. Ela será sempre a mesma pessoa, ainda que esteja em condição inferior ou mesmo superior.” Robson Ramos31


“A Bíblia mostra que a glorificação é um ato bilateral entre Deus e seu Filho. O Pai glorificou o Filho e o Filho glorificou o Pai através de suas obras. ... Se Cristo não recebesse de volta a glória que tinha antes da encarnação, continuaria despido dos atributos da divindade, dentre os quais a onipresença.” Ricardo Nicotra32



Jesus era essencialmente menor que o Pai (subordinacionismo) ou situacionalmente subordinado? Esta é outra questão que encontra várias posições dentro do antitrinitarianismo contemporâneo. O próprio modo divergente como os autores tratam textos como João 14:28 evidencia sua falta de unidade na compreensão do assunto. Enquanto Robson Ramos, Adilson Souza e Milton Figueiredo abraçam uma leitura literal e subordinacionista do texto, Jairo Cavalho limita a desigualdade entre o Pai e o Filho ao período em que este permaneceu encarnado entre os homens. Ricardo Nicotra, embora não cite textualmente o verso bíblico, também demonstra simpatia pela mesma posição ao afirmar que a posição equilibrada entre o Filho e o Pai só foi quebrada pelo hiato de tempo em que Cristo esteve na Terra.

A contradição mais forte fica por conta das explicações de Jairo Carvalho e Milton Figueiredo. Note que a explicação oferecida pelo primeiro (um legítimo defensor do antitrinitarianismo), é encarada pelo segundo como uma “teologia trinitariana”.

O primeiro mandamento refere-se ao Pai e ao Filho

[Após citar Êx 20:1-3] “O texto acima não diz: ‘Nós somos o Senhor’, também não diz: ‘Não terás outros deuses diante de nós.’

O Texto deixa evidente que Deus é um só, o Pai, e não uma unidade de três pessoas co-eternas.

O dicionário Michaelis define ‘mim’ como sendo a variação do pronome pessoal ‘eu’ (singular) e não ‘nós’ (plural).

mim

pron. pess. Variação do pron. eu, sempre regida de preposição: a mim, para mim, por mim.” Adilson de Souza 33


“Não há outro Deus além de Cristo e do Pai. Esta é a mensagem enviada do céu para você. Deus adverte a todos para que ninguém aceite a outro Deus além de Cristo e do Pai. Quem reconhece a outro Deus além de Cristo e o Pai transgride o primeiro mandamento e comete o pecado de idolatria... foram Cristo e o Pai que disseram no Sinai ‘não terás outros deuses diante de Mim’ ... Talvez você pergunte: Porque [sic] Cristo e o Pai, que são duas pessoas distintas, proclamam:

‘Não terás outros deuses diante de Mim.’, como se ambos fossem um só?... porque Ele é um com seu pai – um na natureza, no caráter, no propósito. Então, eles podem dizer ‘mim’, referindo-se a ambos.” Jairo Carvalho34


[Após citar Mt 16:17 e Jo 20:17] “Alguém está mentindo aqui, ou Jesus, ou os trinitarianos. Não seria natural que Jesus após sua ressurreição retornasse a sua condição original, tornando-se novamente um Deus, igual ao Pai, visto que já havia cumprido o seu papel de filho na terra? O primeiro mandamento da Lei de Deus, diz: ‘Não terás outros deuses diante de mim.’ Pode um Deus em condição de igualdade admitir outros deuses diante dEle? Quem está mentindo? Jesus, que não apenas denominou, mas afirmou que seu Pai era também o seu Deus? Ou os trinitarianos, que afirmam ser Jesus o próprio Deus em figura de Filho?” Milton Figueiredo35


“No primeiro mandamento, Deus ordena que ninguém tenha outro deus diante dEle, e se identifica como pessoa no singular. ‘Não terás outros deuses diante de mim.’ Não diz: ‘diante de nós’! Sob o disfarce de estar honrando a Cristo, coloca-o em igualdade com Deus Pai, o Eterno. Isso é o mesmo que negar que Jesus seja o Filho de Deus e que tenha morrido pelo pecador.” Ennis Meier36



A explicação oferecida para o primeiro mandamento evidencia a forma parcial e diversa com que os unitarianos interpretam o tema da unicidade de Deus. Enquanto alguns abraçam um extremo literalismo numérico dizendo que a Divindade é só o Pai e ninguém mais, outros admitem (num raciocínio bem similar ao trinitarianismo) que Deus é um, em suas pessoas (o Pai e o Filho).

Milton Figueiredo, Adilson Souza e Ennis Meier, negando qualquer compreensão plural da divindade, argumentam que o pronome oblíquo singular “mim”, expresso no primeiro mandamento não admite outra pessoa além do Pai. Esta postura faz de seu entendimento uma abordagem bastante unitarianista de Deus. Por outro lado, porém, Jairo Carvalho inclui o Filho como se admitisse, pelo menos nesse sentido binitariano, que “dois podem ser um” por mais que tal conceito fira à lógica. “Deus é verdadeiro ao dizer que há um só Deus, defende Jairo, mesmo sendo Ele e seu Filho. ... No correto estudo da Palavra, não questionamos as afirmações de Deus; simplesmente aceitamos.”37 Por que então argumenta-se tanto que a idéia de “três em um” não pode ser aceita porque seria incoerente diante da compreensão humana? Como explicar que dois são um e um são dois? Não seria isso um mistério? O mesmo mistério que os antitrinitarianos rejeitam ao serem expostos diante da compreensão tri-única de Deus?

Jairo Carvalho certamente sentiu a incongruência entre o que dizia crer e aquilo que escrevia, pois mudou o discurso na segunda edição de seu livro A Divindade que será objeto de análise nesta edição de Parousia. Ali ele advoga uma tese contrária à primeira que transcrevemos acima. Ele escreve: “Jesus Cristo declarou a Lei de seu Pai, na qual diz: ‘Não terás outros deuses diante de mim’, diz respeito ao Pai de Jesus, o ÚNICO DEUS. ... assim sendo, caro leitor, não podemos ter outros deuses diante do Único e Verdadeiro Deus, o Pai, sob pena de transgredirmos a Santa Lei.”38

Curiosamente, o autor não esclarece em parte alguma da segunda edição de seu livro, que tenha mudado de opinião neste ponto ou que deveríamos corrigir o que havia dito anteriormente. O silêncio parece ser o seu método para evitar a admissão pública de um erro.


Podemos adorar a Cristo?

“Se o Pai é o único Deus verdadeiro, então deve ficar claro que qualquer outra forma de crença desvia-nos do princípio de que ‘Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de todas as tuas forças, de todo o teu entendimento e de toda a tua alma’ – e não devemos esquecer que este mandamento foi dado pelo Filho que, ao determinar isto falava de um outro e não de si mesmo.

O adventismo desvia-nos desta ordem expressa e clara da Bíblia e manda-nos adorar o Filho e o Consolador no mesmo nível do Pai, o que significa erro grosseiro em relação à ordem do Filho aos seus seguidores. Ninguém pode ser tão exaltado como o Pai (Sl 82:1-6), nem mesmo o Filho que nos salvou e foi feito nosso Senhor (Fp 2:5-11). Muito menos o Consolador que está sob ordens do Filho (Jo 6:7-11). O erro da Trindade está em produzir um desvio na adoração.”39


“Quer dizer que não é somente Deus o Pai que merece receber a nossa adoração? Isto mesmo! Jesus Cristo também merece o nosso louvor e adoração.” João Marques40


“Como poderíamos adorar ao Pai se não podemos nos achegar a Ele sem antes ter que ir ao Filho? Assim, quando amamos, respeitamos e obedecemos voluntariamente a Cristo, nós o adoramos e ao fazermos isso, estamos na verdade adorando a Deus o Pai.” Jairo Carvalho41


“É claro que devemos adorar a Cristo, mas como Senhor e não como Deus!” Adventistas históricos leigos (Penha)42


“A Bíblia diz que há um só Deus, que é o Pai e um só Senhor que é Jesus Cristo (1Co 8:6), também diz que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai, pois são esses que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4:23-24). A quem iremos adorar? Ao único e verdadeiro Deus, ou ao deus da Igreja católica?

... Talvez para adorarmos o verdadeiro Deus, tenhamos que abrir mão de nossos cargos na igreja. Eu mesmo, tive de abrir mão do cargo de ancião da Igreja Central de Florianópolis, por não concordar com a nova doutrina oficial da igreja.” Adilson de Souza43


“O que deve ser destacado neste verso [o autor está se referindo a um texto de Ellen White44 ] é a menção de que, Deus concedeu autoridade a seu Filho. Agora não seria mais um único ser que deveria ser adorado, mas dois, o Pai e o Filho.” Elpídio da Cruz45



Os antitrinitarianos afirmam, neste ponto com razão, que o tema da adoração verdadeira é por demais importante para não ser refletido. Contudo, agem como se já tivessem definidos os parâmetros do que é correto ou errado na adoração dentro de sua visão antitrinitária de Deus.

A resposta que dão à pergunta de ser ou não legítima a adoração de Cristo em pé de igualdade com o Pai é a mostra de sua incoerência ao tratar do assunto. Elpídio da Cruz e João Marques acentuam o direito legítimo de Cristo à adoração. Os chamados “adventistas históricos leigos da Penha” preferem um caminho mediador que aceita adorar a Cristo num modo hierárquico diferente do Pai (mas não mostram uma liturgia que possibilite isso!). No outro extremo, Adilson de Souza e outro autor (que pode ser Ennis Meier ou Dr. Jean), negavam – pelo menos enquanto produziam esses escritos – que Cristo tivesse qualquer direito à adoração como um Deus.

A novidade aqui parece vir da posição assumida por Jairo Carvalho na segunda edição de seu livro A Divindade. Ele parece disponibilizar uma adoração ao Pai por meio do Filho. Mas ainda assim entende a adoração de Cristo num caráter mais pragmático (a obediência que agrada ao Pai) e menos litúrgico. Não se trata tanto de “cultuar” o Filho, mas obedecer-lhe e, assim, alegramos (isto é, “adoramos”) ao Pai por meio da fidelidade ao Filho. Uma disposição confusa, própria de uma teologia da adoração bastante incompleta e obscura.

O postulado de Elpídio da Cruz também merece um destaque adicional por sua má interpretação do texto de Ellen G. White. Ele supõe que o Soberano Deus decretou (antes mesmo da encarnação) que Cristo deveria ser adorado como Ele. Que a partir daquele momento os anjos deveriam adorar a duas pessoas e não mais somente a uma, o que – pela compreensão antitrinitariana – levaria a um politeísmo de dois deuses.

Além disso, o autor esquece-se de que toda a revelação monoteísta do Antigo Testamento se deu depois disso e o silêncio em relação à divindade de uma segunda pessoa é tão problemático quanto o alegado silêncio em relação à terceira. Se Deus havia decretado a adoração do Filho antes da queda de Adão, por que não ordenou nos dez mandamentos “não terás outros deuses diante de ‘nós’ ao invés de ‘mim’?” Não seria mais razoável supor que o singular divino admite uma pluralidade de pessoas? Ademais, se a ausência do Espírito nalgumas descrições em que só aparecem o Pai e o Filho significaria sua não-existência pessoal, as menções singulares de Deus Pai no Antigo Testamento – silenciando por completo acerca de um segundo ser – também implicariam na inexistência pessoal de Cristo!


Cristo era onisciente?

“Se havia três pessoas co-eternas, como afirma a Doutrina da Trindade, por que então somente o Pai sabe o dia e a hora da segunda vinda de Cristo... ?

‘Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.’ (Mt 24:36).

Nota: Os trinitarianos alegam que Jesus declarou isso porque estava falando como homem.

Contudo, no livro de Atos, encontramos o seguinte diálogo entre os discípulos e o Messias:

‘Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade.’ (Atos 1:6-7).

Cristo proferiu estas palavras no Monte das Oliveiras, ao aproximar-se o momento de Sua ascensão. Portanto já havia sido morto, ressuscitado e glorificado. Desta forma, já não falava apenas como homem. Diante destes fatos, fica evidente a existência de uma hierarquia (na divindade) entre o Pai e o Filho.” Adilson de Souza, p. 11.


“Prezado Robson, referente às dúvidas do irmão que foram colocadas sobre a Trindade, faço parte de um grupo que já estudou este assunto. Gostaria também que meu nome não fosse divulgado, mas não deixarei de mostrar algumas verdades patentes da Bíblia e do Espírito de Profecia que, creio, Deus nos tem revelado...

Deus é onisciente, e não precisa que ninguém lhe revele algo, porque Ele já o sabe. Isto é onisciência. Entretanto, vemos que Jesus recebeu a revelação de Deus, o que demonstra que Ele não mais possui este atributo da divindade. Em outras palavras, Deus, que criou Seu filho Jesus como Deus, literalmente o deu para a humanidade, pois Jesus não é mais onisciente e nem tampouco onipresente. Isto mostra que o sacrifício de Jesus foi muito maior do que nós imaginávamos, e somente nos faz amá-lo mais como nosso Salvador e nosso Redentor.” Anônimo46


“[O Pai e o Filho são] seres que possuem exclusivamente os atributos da imortalidade, onipotência, onipresença e onisciência. ...” Elpídio da Cruz Silva47




O estudo dos chamados “atributos incomunicáveis de Deus”, isto é, aquilo que só a Divindade possui e mais ninguém, nos ajuda a perceber outro ponto desconcer-tante para os que negam a Trindade. Percebe-se, pelos comentários, que alguns desses autores interpretam a divindade do Filho de um modo pleno conforme a própria visão trinitariana.

Josiel Teixeira, num artigo que nega a existência pessoal e independente do Espírito Santo, chega a referir-se a Cristo como “a segunda pessoa da Divindade”48 – um título estranho para aqueles que negam a pluralidade em Deus. Outros autores, no entanto, relativizam o caráter divino de Cristo aproximando-se muito das idéias de Ário. Adilson de Souza, por exemplo, chega a repudiar a expressão “Deus Filho”, dizendo que o correto é dizer “Filho de Deus”49 – um detalhe que não parece ter impressionado os outros autores que usam intercambiavelmente os dois títulos.

Além da imortalidade inata, os atributos da onipotência, onisciência e onipresença são a marca patente da singularidade de Deus. Poderiam eles qualificar também a Cristo? Essa é uma pergunta que não causa perplexidade à teologia da Trindade, mas resulta em divergência nos segmentos que a negam. As citações acima são um exemplo disso, enquanto dois autores negam a onisciência de Cristo, Elpídio da Cruz a sustenta.

O já citado texto de Nicotra relembra que a “a glorificação é um ato bilateral entre Deus e seu Filho”. Logo, ao voltar ao céu, na visão do autor, Cristo recebera de volta todos “os atributos da divindade, dentre os quais a onipresença”.50 Embora não mencione textualmente, é claro que a onisciência e a onipotência seriam os outros atributos subtendidos na exemplificação.

As duas naturezas de Cristo

“Quanto a esta questão, ... quando Cristo esteve neste mundo era o mesmo Filho de Deus, só que agora com a natureza humana... O ensinamento errôneo de que Cristo possuía duas naturezas, simultaneamente, foi criado para defender a doutrina da Trindade. A Bíblia não diz que Cristo encarnou, mas sim, que Ele tornou-se carne, ou seja, Cristo ao assumir a natureza humana, continuou sendo a mesma pessoa, só que despido de sua divindade e de seus poderes, os quais foram concedidos pelo Pai ... Cristo possuía uma só natureza, a natureza humana, pois afirma que Cristo estava lutando contra o poder de Satanás, o qual afirmava que o Pai o teria rejeitado. Se Cristo possuísse duas naturezas simultâneas, jamais se sentiria separado do Pai.” Adilson de Souza51


“Cristo nunca foi uma pessoa com duas naturezas simultâneas. Podemos, sim, afirmar que o Filho de Deus teve duas naturezas, porém separadas no tempo. Uma natureza antes da encarnação, e outra após a encarnação.” Elpídio da Cruz52



“Cristo veio com a mesma natureza pecaminosa que nós possuímos, cada um de nós pode resistir ao mal tal como Ele resistiu. Pode-se combinar a divindade e a humanidade em nós tal como estas foram combinadas em Cristo. ...

Como pode Cristo, um Deus, tornar-se um ser humano em carne pecaminosa, exatamente como nós, para ser um exemplo perfeito de nossa condição? Isto é definido pela Bíblia como sendo um mistério.

Afirma que Jesus é homem, e isto também é verdade tanto quanto é verdade que em Cristo reside corporalmente toda a plenitude da Divindade, pois a Bíblia sempre atesta a verdade. Como harmonizamos estas duas afirmações? Simplesmente aceitando a ambas – desta forma, aceitamos que Cristo é 100% humano e 100% divino ao mesmo tempo. Como entendemos isto?” Jairo Carvalho53
               








































tendência atual de alguns antitrinitarianos parece ser a de criar um monofisismo às avessas, ou seja, acreditar que Jesus tinha apenas uma natureza e essa poderia ser a humana ou a divina, dependendo da situação. O que não aceitam é que Ele pudesse ter ambas simultaneamente.

Para Adilson de Souza e Elpídio da Cruz, a natureza humana de Cristo foi um hiato ou uma interrupção em sua natureza divina. A primeira tomou o lugar da segunda quando Ele se encarnou. Mas, novamente, vemos o surgimento de novas contradições. O argumento de Jairo Carvalho, embora se preocupe mais em enfatizar a natureza pecaminosa de Jesus, parece sugerir de modo implícito, uma misteriosa união entre divindade e humanidade durante a encarnação. No que diz respeito à ressurreição e ascensão do Filho de Deus, ele é claro em definir que no céu Cristo mantém as duas naturezas humana e divina de uma só vez. Isso se choca com a premissa dos demais autores que entendem uma natureza suplantando definitiva ou temporariamente a outra. Sua diferença com o monofisismo clássico é que aquele apregoava uma “absorção” da humanidade pela divindade, enquanto esses seguem no sentido contrário, o da humanidade absorvendo ou substituindo a divindade que Cristo teria antes da encarnação.


Os pioneiros eram arianos?

“Nossos Pioneiros constantemente são acusados de serem semi-arianos (porque não totalmente? – será que com isto, querem ‘proteger’ E.G.W.?) para contrapor-se a uma postura que a atual IASD (1980) adota: o trinitarianismo!

Porém [sic] a história nos revela que Ário não foi o vilão que os trinitarianos dizem ser, antes, ele foi objeto das profecias bíblicas (Daniel 7:8) na condição dos três chifres que foram arrancados para que se estabelecesse o império papal... A História demonstra que os Hérulos, os Ostrogodos e depois os Vândalos foram todos seguidores de Ário e todos eles aceitavam o credo escrito por Euzébio de Cesareia (um bispo que concordava com as idéias de Ário, que era um simples diácono). ...

É interessante notar que Ário usou a palavra “criado” ao referir-se ao Filho de Deus, mas ... ele deixa claro ter entendido que Cristo foi gerado do Pai, e então teve um começo. Ário acreditou verdadeiramente que Cristo era ‘o único Filho gerado de Deus’. E, foi por ter incluído esta palavra ‘criado’ que hoje ficou esta conotação negativa do ‘arianismo’... Não é estranho que o chifre pequeno – representando Satanás – tenha querido perseguir e destruir povos pagãos? Satanás contra os seus próprios aliados! A verdade era que todos estes povos eram seguidores de Ário e para que Satanás pudesse se estabelecer teve que lutar e vencer estas oposições... Uma luta que durou cerca de 200 anos e, hoje, o mundo cristão tornou-se trinitariano e denigre a imagem de quem um dia defendeu, com a sua própria vida, a natureza humana de Cristo, o gerado de DEUS, acusando-os de arianos!” Ministério Estudando a Bíblia.54

[Neste texto o autor apresenta sua discordância, quando Azenilto Brito afirma que a igreja superou sua fase anti-trinitariana] “Os pioneiros nunca superaram essa fase. Morreram com sua heresia ariana. Sobre isso já lhe respondi nas seguintes palavras:

               a) Que não foi ‘um ou outro líder’, mas a maioria dos pioneiros adventistas;

                  b) Que não foi por ‘um tempo’, mas até o final de suas vidas; 
       
       cQue não apenas ‘simpatizaram’ com idéias do arianismo, mas que combateram ferrenhamente a doutrina da Trindade.” Clóvis56



“Os pioneiros, se em algum tempo não acreditaram que Cristo era Filho de Deus, logo abandonaram essa crença ariana.

Os pais da fé adventista, abandonaram tanto o arianismo quanto o trinitarianismo pelo mesmo motivo: tanto um quanto o outro, nega que Cristo seja Filho de Deus.

O inimigo das almas bem sabe que a salvação depende da aceitação de que Cristo é o Filho de Deus. Ele sabe que quando se nega que Cristo é o Filho de Deus, a salvação corre risco de não acontecer. Sabendo disso, o diabo precisou encontrar uma lógica aparentemente sábia para negar a filiação divina de Cristo.

Com o arianismo, o inimigo usa a negação da filiação divina de Cristo para negar sua divindade. Com o trinitarianismo, o mesmo inimigo usa a divindade para negar a filiação divina de Cristo.

A moeda é a mesma, o intento é o mesmo. As duas faces da moeda têm o mesmo objetivo: negar que Cristo seja Filho de Deus.

Para negar que Cristo é o Filho de Deus, o demônio coloca ao alcance dos homens duas alternativas: o arianismo e o trinitarianismo.

No caso ariano, por não ser Filho, Cristo não é Deus. No caso trinitariano, por ser Deus, Cristo não é Filho.

Em ambas as situações, Satanás consegue fazer com que os homens
 não creiam que Cristo é o Filho de Deus enviado ao mundo para salvar o pecador.” Eplpídio da Cruz Silva55

“Lembramos que o termo ‘arianos’ é utilizado para denominar os seguidores das idéias de Ário, que não cria na divindade de Cristo. Como os adventistas criam que Jesus Cristo é Deus, não eram arianos.” Jairo Carvalho57


“Muitos dos pioneiros, inclusive James White, J. N. Andrews, Urias Smith e Waggoner tinham um entendimento Ariano ou semi-Ariano ... é uma grossa mentira, pois era a doutrina oficial da Igreja Adventista até 1980. Constava no Year Book até 1912 e em consecutivos anos anteriores.” Ennis Meier58




Esse último tópico talvez seja o mais interessante de todos, pois tem a ver com o modo divergente como os dissidentes interpretam a posição dos pioneiros do adventismo. Um certo Clóvis afirma que os pioneiros morreram firmes no que ele ironicamente chama de “heresia” ariana. Ennis Meier vai mais longe dizendo que o arianismo ou semi-arianismo não era uma questão de entendimento dos pioneiros, mas de doutrina oficial da Igreja até 1980. Jairo Carvalho, por sua vez, nega que os pioneiros pudessem ser chamados de arianos, uma vez que estes criam na divindade de Cristo e Ário não.

O grupo intitulado Ministério Estudando a Bíblia procura, interessantemente, dignificar a figura de Ário, reputando-o como um verdadeiro mártir da causa de Deus. Já para Elpídio da Cruz, o arianismo seria tão satânico quanto o trinitarianismo que ele pretende combater.

Conclusão

Distorções como essas fazem-nos questionar a seriedade teológica daqueles que se dizem “restauradores do adventismo histórico”. Como podem propor um rumo para a Igreja, quando nem seu próprio discurso está totalmente afinado?

O uso descuidado de certos termos e conceitos faz supor um sério grau de desconhecimento daquilo que estão tratando. Um exemplo disso pode ser visto nas palavras de Elpídio da Cruz, que apresenta os dissidentes nos seguintes termos: “Nós, unitarianos, podemos distinguir nossa concepção de Deus da concepção trinitariana, considerando a relação entre Deus e ele mesmo, ou, sendo mais claro, entre ele e a divindade.”59

Ora, conforme conceituado acima, o unitarianismo é visto por todos os historiadores como uma crença que nega, entre outras coisas, a filiação divina de Cristo, o sentido expiatório de sua morte na Cruz e sua preexistência no Céu. Será que é isso que Elpídio está defendendo? Ou sua autoafirmação como unitariano não passa de um total desconhecimento da questão, que o leva a empregar mal termos técnicos da teologia? O grande problema é que o excesso de informações passadas ao público faz supor que sejam especialistas escrevendo sobre assuntos que, na verdade, pouco entendem – é o caso também da forma como citam palavras ou regras gramaticais do grego e do hebraico.

Talvez seja essa falta de sintonia interpretativa dentre os próprios dissidentes que os impediu até agora de se unirem num movimento organizado como foi o caso de outros dissidentes do passado (adventistas da reforma, adventistas da promessa etc.). Sua unidade é como os próprios sites que abrigam seus pensamentos: essencialmente virtual, por isso, dificilmente terão algo a contribuir para o bom andamento do povo de Deus.



Referências

1 Fernando Canale, “Doctrine of God”, in Raoul Dederen [ed.], Handbook of Seventh-day Adventist Theology (Hagertown, MD: Review and Herald, 2000), 140-149.

2 Jerry Moon, “A Trindade na Era da Reforma: quatro pontos de vista”, in Woodrow Whiddeen, Jerry Moon e John W. Reeve, A Trindade (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 188-200.

3 Canale, “Doctrine of God”, 148.

4 Após o fechamento deste artigo verificou-se na Internet uma resposta de Ricardo Nicotra à resenha crítica feita pelos professores de Teologia do Unasp ao seu livro Eu e o Pai Somos Um. Nessa, o autor admite alguns erros, mas de um modo a torná-los meros equívocos que seriam corrigidos numa próxima edição do livro. Não se trata, portanto, de nenhuma mudança de conceito.

5 Ennis Meier, “Não deixe o Diabo fazer a sua cabeça sobre a Trindade”, disponível em www. adventistas.com/julho2002/trindade_ennis.htm – 20k, acessado em 21 de abril de 2006.

6 Ricardo Nicotra, Eu e o Pai Somos Um: e o Espírito Santo? Não faz parte da Trindade? (São Paulo: Ministério Bíblico Cristão, 2004), 105.

7 Jairo Carvalho, A Natureza de Cristo, ontem, hoje e eternamente, disponível em www.adventistas.com, acessado em 25 de abril de 2006.

8 Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 105.

9 [Jairo Pablo Alves de Carvalho, org.], A Divindade, e a maravilhosa conexão entre o céu e a terra, chamada Espírito Santo (Contenda, PR: Ministério 4 Anjos, [2003]), 15.

10 Milton Figueiredo, “Treze mentiras que os trinitarianos atribuem a Deus, a Jesus e à Bíblia”, disponível em http://www.adventistas-bereanos.com.br/Edição: Robson Ramos.

11 Rogério Buzzi, “É Jesus igual a Deus”, disponível em www.adventistas.com, acessado em 21 de abril de 2006.

12 Elpídio da Cruz Silva, “Você pode crer na Trindade, mas terá que rasgar sua Bíblia”, disponível em www.adventistas.com, acessado em 21 de abril de 2006.

13 Ennis Meier, “Não deixe o Diabo fazer a sua cabeça sobre a Trindade”, disponível em adventistas.com/julho2002/trindade_ennis.htm - 20k, acesso em 21 de abril de 2006.

14 Carvalho, A Divindade, 64.

15 Adilson de Souza, “Em busca de respostas: 101 perguntas que clamam por resposta”, apostila disponível em http://averdadeacimadetudo.tripod.com, acesso em 21 de abril de 2006, 6.

16 Whiddeen, Moon e Reeve, A Trindade, 300.

17 Ellen White, “Comments on Phillipians” in Seventh-day Adventist Bible Commentary (WashingtonDC: Review and Herald, 1980), VII: 904.

18 Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 104.

19 Souza, “Em busca de respostas”,6.

20 Meier, “Não deixe o Diabo fazer a sua cabeça sobre a Trindade”.

21 Jairo Carvalho, do Ministério 4 Anjos – http://www.ministério4anjos.com.br/, disponível em www.adventistas.com, acessado em 21 de abril de 2006.

22 Carvalho, A Divindade, 63.

23 Lynnford Beachy, citado por Robson Ramos, “Vocês acreditam em dois deuses? É isso?”, disponível em www.adventistas.com, acessado em 21 de abril de 2006.

24 Silva, “Você pode crer na Trindade, mas terá que rasgar sua Bíblia”.

25 Disponível em http://www.adventistasbereanos.com.br/Pioneiros/O%20que% 20a%20 biblia%20diz%20hebreus%201;7% 20e%208. HTM, acessado em 24 de abril de 2006.

26 Ibidem.

27 Carvalho, A Divindade, p. 63.

28 Jairo Carvalho, do Ministério 4 Anjos.

29 Figueiredo, “Treze mentiras que os trinitarianos atribuem a Deus, a Jesus e à Bíblia”.

30 Souza, “Em busca de respostas”, 10.

31 Robson Ramos, “Dez perguntas para os que não acreditam na Trindade”, disponível em www.adventistas.com, acessado em 21 de abril de 2006.

32 Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 83, 84.

33 Souza, “Em busca de respostas”, 8.

34 Carvalho, A Divindade, 33 e 47.

35 Figueiredo, “Treze mentiras que os trinitarianos atribuem a Deus, a Jesus e à Bíblia”.

36 Meier, “Não deixe o Diabo fazer a sua cabeça sobre a Trindade”.

37 Carvalho, A Divindade, 17.

38 Ibid. [2ª ed.],147 e 148.

39 Houve certa dúvida quanto à autoria deste trecho, devido à forma bastante confusa em que se disponibilizam as informações no site de Ennis Meier. Aparentemente, o texto seria de autoria do próprio Meier, que o coloca simplesmente sob o título “Minha resposta a um senhor chamado Heron sobre: o senhor crê que a forma de crer na trindade [sic] desenvolvida pelos adventistas é a mesma dos pagãos?” Em seguida, vem a resposta e, depois de uma linha de separação, a pergunta “O que você acha desta minha resposta à luz do que vem estudando sobre o erro da trindade?” e então o nome “Dr. Jean”. Mas a citação – sem qualquer correção ou discordância por parte do editor do site – está disponível em http://www.adventistas.ws/shalon2.htm, acessado em 24 de abril de 2006.

40 João Marques, “Adoração somente a Deus”, disponível em http://www.adventistas-bereanos.com.br/2006marco/Adoracao%20somente% 20a%20Deus.HTM, acessado em 24 de abril de 2006.

41 Carvalho, A Divindade [2ª ed.], 155.

42 Adventistas Históricos Leigos (Penha), “Jesus Cristo é Deus?”, disponível em http://www.adventistas-bereanos.com.br/2004agosto/Jesus%20Cristo%20e%20Deus.HTM, acessado em 24 de abril de 2006.

43 Adilson de Souza, disponível em www. arquivoxiasd.com.br/reação dos leitores 2005, acessado em 22 de abril de 2006.

44 Conforme ele mesmo cita: Spiritual Gifts, 3: 37.

45 Elpídio da Cruz Silva, “Explicações falsas acerca da trindade divina”, disponível em adventistas.com\ explicaçõesfalsasacercadatrindadedivina.htm, acessado em 24 de abril de 2006.

46 Anônimo, “Negações da Trindade: Conclusões de um grupo”, disponível em http://adventistas.com/trindade/carta_trindade_2.htm, acessado em 24 de abril de 2006.

47 Cruz Silva, “Você pode crer na Trindade, mas terá que rasgar sua Bíblia”.

48 Josiel Teixeira Lima, “Por que a trindade não é digna de adoração, segundo Apocalipse 14:6-12?”, disponível em www.adventistas.com, acessado em 24 de abril de 2006.

49 Adilson de Souza, “O Pai e o Espírito Santo”, disponível em <averdadeacimadetudo.tripod.com/VerdParte4.ppt>, acessado em 10 de outubro de 2005.

50 Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 83 e 84.

51 Adilson de Souza, “A Verdade de Ellen White sobre os anjos e a mentira dos teólogos sobre Deus”, disponível em http://www.adventistas.com/downloads/verdade_anjos.doc, acessado em 24 de
abril de 2006.

52 Elpídio da Cruz Silva, disponível em http://www.adventistas.com/abril2003/irmao_elpidio5.htm, acessado em 24 de abril de 2006.

53 Jairo Carvalho, “A natureza de Cristo, ontem, hoje e eternamente”, disponível em www. adventistas.com, acessado em 25 de abril de 2006.

54 Ministério Estudando a Bíblia, “É vergonhoso ser considerado ariano?”, disponível em http://tempodofim3.tripod.com/arianovergonha.htm, acessado em 23 de abril de 2006.

55 Elpídio da Cruz Silva, “Pode ser verdadeira uma Igreja que demorou 117 anos para descobrir a verdade?”, disponível em http://www.adventistas.com/fevereiro2004/elpidio_texto17.htm

56 Clovis, debate com Azenilto Brito, disponível em http://www.despertabrasil.com/posts70.html&postdays=0&postorder=asc&highlight=, acessado em 23 de abril de 2006.

57 Carvalho, A Divindade, 65.

58 Ennis Meier, disponível em www.alvorada.net/003.htm, acessado em 24 de abril de 2006.


59 Elpídio da Cruz Silva, “Politeístas ou triteístas? Dá na mesma”, disponível em http://www.adventistasb-ereanos.com.br/2006abril/politeista%20ou%20triteista%20e%20a%20mesma%20coisa.HTM, acessado em 24 de abril de 2006. Grifo nosso.__

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